sábado, 9 de maio de 2020

Opinião alheia

Lembro-me desde de nova dar importância ao que os outros pensam de mim, não conseguia pensar por mim própria e baseava-me nas opiniões dos outros. Sentia uma necessidade enorme de ser aceite e que gostassem de mim. 
Houve uns anos em que tentei dar a volta a esse problema e começar ser dona do meu próprio nariz. Mas essas alterações não foram de um dia para o outro. Tive um processo doloroso e ainda estou nesse processo. Estou bastante melhor ao que estava.
Há momentos que sinto essa necessidade dentro de mim a querer falar mais alto, mas ando aprender a dar a volta por cima. Apercebi-me que as vozes que tenho dentro de mim pertencem aos outros e não a mim mesma. As criticas que tenho dentro de mim são as criticas e as opiniões dos outros. Ouvi muitas barbaridades e ao longo do tempo essas barbaridades tornaram-se as vozes negativas que oiço. 
A minha Team Leader gosta muito de dar a opinião dela sobre a minha vida pessoal, quando eu não peço nada. Obviamente, que falta-lhe o bom senso e a educação para estar calada. Há uns tempos atrás estávamos numa conversa de circunstância em que revelei a minha paixão pela leitura mas ela acusou-me de estar a mentir para parecer uma intelectual que nas sextas à noite fico em casa a ler um livro com um copo de vinho. Nem sequei gosto de vinho! Se isso acontecesse uns anos atrás, ia remoer-me cá dentro, mas nos dias de hoje, passou-me ao lado. Não me identifico com aquilo que ela disse e nem sequer argumentei e nem justifiquei-me, achei que não valia a pena e não tinha nada que estar a dar justificações, eu sei o que sou, não é uma pessoa alheia que vai ditar aquilo que gosto ou não fazer porque baseia-se na opinião dela. Eu não sou o meu trabalho, eu sou alguém fora dali! O trabalho não me define como pessoa e nem os meus gostos. E não é a opinião dela e dos outros que vai definir-me como pessoa! Sinto que estou a crescer a esse nível, como já não me afecta os comentários dela sobre o meu almoço que trago de casa. Eu não pedi a opinião, mas ela gosta de dar a opinião e acho isso uma falta de educação, de estar argumentar e reparar nas coisas que eu como. Mas isso acontece a todos nós. Pessoas que parecem que sabem mais da nossa vida do que nos próprios. Eu sei o que eu sou e não preciso de ninguém que diga aquilo que gosto ou não. 

segunda-feira, 4 de maio de 2020

Revoltada

Sinto uma enorme revolta! Uma pessoa é dedicada e empenhada no trabalho e o que recebo em troca?! A posição de andar a tapar os buracos. Sou a única que vai voltar ao local de trabalho, enquanto as outras vão continuar em casa. E dão a desculpa que sou a escolhida porque sou a pessoa que trabalha melhor enquanto as outras desempenham mal as suas funções. Poderia levar isso para o lado positivo, mas a questão aqui é que não vou ser aumentada este ano e nem se quer estão a considerar os meus problemas de saúde e nem as pessoas de risco que vivem comigo. Enquanto as outras, são umas péssimas profissionais, vão ficar em casa no bem bom e a continuarem a receber o ordenado. Pelo menos, que houvesse rotação, mas nem isso. Eu é que sou a sacrificada! É injusto! Uma pessoa é dedicada e esforça-se para fazer um bom trabalho e no final leva uma palmadinhas nas costas.
Vou mudar a minha atitude, antes utilizar a energia que tenho dentro de mim para auto destruir-me, vou utilizar para reinventar-me e tentar fazer aquilo que já deveria ter feito e modificar o rumo das coisas. 
Fiz mal a mim própria ao guardar a frustração que sentia, as noites mal dormidas, os ataques de ansiedade e a depressão. Chegou o momento em dizer basta! Tenho que fazer qualquer coisa por mim. Estou nesta situação, porque fui eu própria que meti-me nela. Tenho que ser mais cuidadosa com as minhas escolhas e não ficar parada com este sentimento de revolta que vai acabar por destruir-me aos poucos e poucos.