sexta-feira, 3 de julho de 2020

Eu não sou aquilo que faço

Eu sou muito mais do que o meu trabalho. Os meus colegas não sabem muita coisa sobre mim, além da minha chefe, que antes considerava como amiga, até aperceber-me que afinal não era assim uma boa pessoa para ser amiga. Os meus desabafos eram expostos aos outros, como se fosse uma coisa perfeitamente normal, ela não via nada de errado nessa situação. Até que, tive recuar e começar a cortar laços. Nos dias de hoje, já não falamos como antes, somos meras conhecidas. Ela é a minha chefe e eu a sua subordinada. Até prefiro assim, aprendi que é difícil criar relacionamentos de amizade no trabalho e que as coisas nunca são o que parecem. Ela podia ser a pessoa que mais conhece dali mas a realidade é que parece que não me conhece de todo. Quando comentei que gostava de ler, não acreditaram em mim, até tanto que a minha suposta "amiga" acusou-me de mentir e de querer parecer intelectual. Isto é uma prova que não conhecem quem eu sou. Eu não sou aquilo que faço ou que mostro ser profissionalmente, eu sou muito mais do que isso. Achei piada também de as pessoas comentarem que fui uma criança bastante protegida, enquanto não sabem nada da minha vida. Não sabem que os meus pais passaram dificuldades para criarem-me que eu até aos 16 anos tive que dormir numa sala porque não tinha quarto. Elas não sabem nada do que passei, e gostam de meter etiquetas no seu bem entender que eu tive isto e aquilo. O meu lado profissional não define-me como pessoa nem a vida que levei. O meu lado profissional é simplesmente o meu ganha pão. Claro, que elas não sabem que estou super desmotivada e que não estou a gostar daquilo, mas continuo na mesma a fazer porque preciso pagar contas. As minhas colegas tem uma imagem preconcebida de mim que não corresponde a realidade. Antes, poderia fazer-me uma certa confusão, mas agora vejo o quão ridículo isto é. Nem fazem ideia dos projectos que estou metida fora do meu trabalho, não fazem ideia sobre as minhas paixões, sobre as minhas tristezas, sobre quem realmente eu sou. O que sou lá é a minha versão profissional daquilo que faço e não o meu verdadeiro eu. E ao perceber-me disto, senti-me mais segura e mais feliz. Estou aprender que separar a vida profissional e da pessoal tem as suas vantagens e tendo em  conta que não sou uma pessoa muito dada e sou bastante reservada foi a melhor atitude que tomei, para a minha protecção. 

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